Ligados ou desligados?
Vivemos em sociedades hiper comunicativas, em permanente interação e fortemente mediadas por ecrãs que nos desafiam, propõem, sugerem ou, simplesmente, nos distraem. A publicidade é uma admirável ferramenta nesta engrenagem social. Porém, tal como noutras áreas de comunicação, enfrenta o problema da escassez da atenção, isto é, do “simplesmente desligar” face à sobreposição de mensagens e de imagens que se anulam umas às outras. A atenção é um bem escasso e o ruído – psicológico, físico, fisiológico ou semântico – é uma ameaça à eficácia da comunicação.
Como estabelecer a ligação, como capturar a atenção? A publicidade, tal como o jornalismo, as relações públicas, entre outras disciplinas, deve sentir se desafiada. Entendemos a publicidade como o discurso da própria sociedade, das suas tensões e expectativas. Mas também é inegável a sua capacidade de influência sobre o comportamento, sendo estudada não só ao nível do consumo, mas também em diferentes temáticas: nos hábitos alimentares, na segurança rodoviária, no gaming, nos mecanismos psicológicos e afins.... É este poder que a torna fascinante. Porém, pode tornar-se um ator secundário se não se questionar quanto ao risco de criar campanhas para palcos vazios ou públicos desligados.
As Jornadas do GT de Publicidade da SOPCOM convidam à participação nesta reflexão alargada: pensar sobre os diálogos estabelecidos na sociedade contemporânea e o seu impacto na publicidade na era da cultura digital e vice-versa, de forma a introduzir novas lateralidades na equação, que contribuirão para redefinir teorias e práticas no mundo académico e profissional.
São diversos os questionamentos: de que modo os discursos da publicidade têm acompanhado a evolução tecnológica? Têm-se adaptado aos vários ecrãs e às múltiplas plataformas digitais? Na busca pela atenção, qual o papel do storytelling ou do transmédia? Outros ângulos podem animar a discussão, tais como: que estratégias publicitárias melhor respondem ao dilema da sociedade hiperestimulada e, por isso, mais indiferente e mais exigente? A publicidade consegue manter a capacidade de influenciar o cidadão, o consumidor, o indivíduo pela criatividade e pela persuasão? A procura da pertinência e da eficácia da publicidade norteia a problemática proposta para estas jornadas.